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Ciencia y enfermería

versión On-line ISSN 0717-9553

Cienc. enferm. vol.20 no.1 Concepción abr. 2014

http://dx.doi.org/10.4067/S0717-95532014000100010 

 

INVESTIGACIONES

 

A CONSTRUÇÃO DA SEXUALIDADE DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM E SUAS PERCEPÇÕES ACERCA DA TEMÁTICA

THE CONSTRUCTION OF SEXUALITY OF NURSING STUDENTS AND THEIR PERCEPTIONS ON THE THEME

LA CONSTRUCCIÓN DE LA SEXUALIDAD DE ESTUDIANTES DE ENFERMERÍA Y SUS PERCEPCIONES SOBRE EL TEMA

 

GRACIELA DUTRA SEHNEM*
EVA NERI RUBIM PEDRO**
MARIA DE LOURDES DENARDIN BUDÓ***
FERNANDA MACHADO DA SILVA****
LÚCIA BEATRIZ RESSEL*****

* Enfermeira. Professora de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS, Brasil. Email: graci_dutra@yahoo.com.br
** Enfermeira. Professora da Escola de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Brasil. Email: evapedro@enf.ufrgs.br
*** Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil. Email: lourdesdenardin@gmail.com
**** Enfermeira. Professora de Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS, Brasil. Email: fernandasil-va@unipampa.edu.br
***** Enfermeira. Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil. Email:lbressel208@yahoo.com


RESUMO

Objetivo: O estudo teve como objetivo conhecer como ocorre a construção da sexualidade de estudantes de enfermagem e suas percepções acerca desse tema. Método: Investigação descritiva, com abordagem qualitativa. Foi realizado com 14 estudantes de um Curso de Graduação em Enfermagem do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados pela técnica do grupo focal e para interpretação foi aplicada a análise temática. Resultados: Emergiram das falas dos participantes as categorias temáticas: a sexualidade como uma construção cultural e as percepções sobre a sexualidade: revelando significados. A construção da sexualidade relaciona-se ao contexto em que o sujeito foi socializado. A temática começou a ser discutida na adolescência, havendo distinção de gênero na educação sobre tais questões e, em menor proporção, foi discutida a partir de relações dialógicas. A sexualidade foi entendida como um conceito ampliado, associado à genitalidade e ao ato sexual, à constrangimento, tabu e autoconhecimento. Conclusão: É necessário gerar espaços de discussão que tratem da sexualidade na formação acadêmica do enfermeiro.

Palavras chave: Sexualidade, estudantes de enfermagem, educação em enfermagem.


ABSTRACT

Objective: This study aimed to know how the construction of sexuality of nursing students takes place and their perceptions on the theme. Method: The method consisted of a descriptive research with qualitative approach. It was developed with 14 students from a Nursing Undergraduate Course in Rio Grande do Sul. Data was collected by using the focus group technique. Thematic analysis was applied for data interpretation. Results: The thematic categories emerged from the discussion of the participants: the sexuality as a cultural construction and the perceptions about sexuality: revealing meanings. The construction of sexuality is related to the context in which the subject was socialized. The thematic started to be discussed in adolescence, with gender distinction in the teaching of such matters and, in smaller proportion, in terms of dialogical relations. Sexuality was understood as a wide concept, associated to genitality and sexual intercourse; to embarrassment and taboo and self-knowledge. Conclusion: It is necessary to create spaces for discussion dealing with sexuality in academic nursing training.

Key words: Sexuality, students nursing, education, nursing.


RESUMEN

Objetivo: El estudio tuvo como objetivo conocer cómo ocurre la construcción de la sexualidad de estudiantes de enfermería y sus percepciones sobre ese tema. Método: Investigación descriptiva, con abordaje cualitativo. Fue realizado con 14 estudiantes del Curso de Grado en Enfermería de Río Grande do Sul. Los datos fueron recolectados por la técnica de grupo focal y para la interpretación fue aplicado el análisis temático. Resultados: Emergieron del discurso de los participantes las categorías temáticas: la sexualidad como una construcción cultural y las percepciones acerca de la sexualidad: revelando significados. La construcción de la sexualidad se relaciona al contexto en que el sujeto fue socializado. La temática comenzó a ser discutida en la adolescencia, habiendo diferencias de género en la educación sobre estos temas y, en menor medida, fue discutida a partir de relaciones dialógicas. La sexualidade fue entendida como un concepto ampliado, asociado a la genitalidad y al acto sexual, a vergüenza, tabú y autoconocimiento. Conclusión: Es necesario generar espacios de discusión que traten de la sexualidad en la formación académica del enfermero.

Palabras clave: Sexualidad, estudiantes de enfermería, educación en enfermería.


 

INTRODUÇÃO

A sexualidade é parte da construção socio-cultural de todas as pessoas, independente do querer ou não delas, revelando-se por meio de gestos, discursos, atitudes, posturas, olhares, silêncios, enfim, no comportamento de cada pessoa (1).

Abarca em sua conceituação uma diversidade de questões, perpassando sexo, gênero, identidades sexuais, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. Ela é influenciada por fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais (2).

Ela pode ser entendida como um processo de aprendizagem, pois resulta da articulação entre a sociedade e a trajetória individual e biográfica dos indivíduos. Assim, a sexualidade do indivíduo espelha-se nas múltiplas e diferentes socializações que ele experimenta ao longo da vida, na família, escola, acesso aos meios de comunicação e redes de amizade (3). Assim, a partir das relações familiares no decorrer da infância e da adolescência é que são transmitidos, definidos e construídos os valores culturais acerca da sexualidade. Tais valores podem repercutir na contínua construção deste evento humano, também, nos processos de socialização subsequentes, como na formação profissional, durante o curso de graduação na Universidade, quando esses podem ser reforçados, reformulados e outros incorporados.

Nesse sentido, compreende-se a necessidade de desvelar essa temática na formação acadêmica do enfermeiro, onde a discussão e a reflexão acerca da sexualidade configuram uma possibilidade de instrumentalização dos estudantes para lidarem com as diversas questões que a sexualidade pode suscitar no cotidiano do cuidado de enfermagem, bem como realizá-lo de forma mais tranquila e despida de dúvidas e constrangimentos (4).

Independente da forma como a sexualidade dos estudantes foi tratada ao longo da infância e da adolescência, a universidade não pode omitir ou marginalizar a discussão da sexualidade humana, se realmente objetiva e tem o compromisso de formar estudantes que tenham uma visão holística do ser humano, tanto para sua atuação como profissionais quanto para o seu autoconhecimen-to, como seres de relações (5). Ademais, essa temática não deveria ficar aos cuidados de uma ou outra área da enfermagem, uma vez que a inserção dos conteúdos que perpassam a sexualidade precisa envolver todas as disciplinas, considerando a multidisciplinaridade da formação acadêmica (6).

A abordagem deste tema, neste contexto, pode possibilitar que os estudantes viven-ciem de forma menos conflituosa sua própria sexualidade e que estejam informados e livres de preconceitos para realizarem o cuidado de pessoas com idades e necessidades de saúde diversas (7). Isso é importante devido à existência de estereótipos e preconceitos por parte dos profissionais de saúde no cuidado a certos grupos, como, por exemplo, ao grupo das profissionais do sexo, homossexuais, travestis e pessoas que vivem com HIV/ aids. Desse modo, considera-se que a formação acadêmica do enfermeiro precisa voltar seu olhar a essas questões, na busca de assegurar que tais sujeitos tenham seus direitos respeitados, como direito ao acesso à saúde.

Estudo realizado com estudantes de enfermagem brasileiros revela que a desconsideração das relações de gênero, intrínsecas à sexualidade, concorre para a existência de lacunas na formação profissional para lidar com a diversidade da prática profissional. Trata-se de preparar o estudante para realizar orientação à saúde aos diversos clientes que possuem uma orientação do desejo sexual diferente daquela considerada como "padrão heterossexual"; o que poderá possibilitar assistir ao travesti e ao transexual de maneira integral(8).

Acerca disso, pesquisa realizada com travestis, que buscou conhecer seus itinerários terapêuticos, evidenciou que as raras situações em que os serviços de saúde institucionalizados fizeram parte da trajetória de cuidado e atendimento a tais sujeitos, não atingiram às suas expectativas e demandas, sendo considerados inadequados. A dificuldade em lidar com as questões relativas à sexualidade, por parte dos profissionais de saúde, torna a situação mais complexa para o atendimento, pois as travestis relataram que os profissionais estranham o cuidado com o silicone, com a utilização de hormônios e o desejo da feminilidade (9).

Outra população que, muitas vezes, é entendida como assexualizada e, portanto, não merecedora de orientações que perpassam a questão da sexualidade são as pessoas que vivem com HIV/aids. Nessa direção, pesquisa realizada com adolescentes que vivem com essa condição demonstrou que ainda há muita discriminação nos serviços de saúde, tendo em vista que a atenção a este público encontra-se centrada exclusivamente no tratamento da infecção e na sobrevida dos infectados, desconsiderando todas as dimensões que perpassam a vivência da sexualidade na adolescência (10).

Por conseguinte, a ausência da abordagem dessa temática na formação acadêmica do enfermeiro pode se refletir na assexuali-zação do cuidado, na impessoalidade das relações, na ausência de diálogo, nas emoções contidas, na emersão de constrangimentos, entre outras questões que podem vir à tona no momento do cuidado.

Este artigo apresenta um recorte de uma dissertação de mestrado que teve como questão norteadora: Como ocorre a construção da sexualidade de estudantes de Enfermagem e quais suas percepções acerca da temática? Para responder a essa indagação, objetivou-se conhecer como ocorre a construção da sexualidade de estudantes de enfermagem e suas percepções acerca dessa temática.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva. Os sujeitos foram 14 estudantes de um Curso de Graduação em Enfermagem de uma universidade pública do Rio Grande do Sul - Brasil. Como critérios de inclusão utilizaram-se: estudantes do curso de enfermagem da instituição em que foi realizado o estudo, que estavam cursando, no período da coleta de dados, do terceiro ao oitavo semestres. Justifica-se o período acadêmico escolhido em função da inserção dos acadêmicos nas atividades práticas deste curso. Foram excluídos da pesquisa estudantes de enfermagem que não estivessem incluídos nos semestres acima referidos, naquele período. Ressalta-se que, nesta pesquisa, a seleção dos sujeitos foi intencional (11), de acordo com os critérios de inclusão e objetivos do estudo. No que se refere à caracterização dos participantes, eram 11 mulheres e três homens, que se encontravam na faixa etária entre 19 a 23 anos.

A produção dos dados fundamentou-se na técnica do grupo focal, que oportuniza momentos de interação e debates em um grupo específico (12, 13). Elaborou-se um guia de temas que serviu como um esquema norteador para cada grupo focal (14). Para estimular a discussão foram utilizadas situ-ações-problema, que envolveram a prática do cuidado, e aplicadas as seguintes questões disparadoras: "Como você se sentiria nesta situação?"; "Como você reagiria nesta situação?" e "Em que momentos você percebe que a sexualidade é revelada na prática do cuidado de enfermagem?".

Foram realizados três grupos focais para a coleta de dados, no período de maio a junho de 2009. O número de encontros seguiu o critério de saturação dos dados, que representa o conhecimento formado pelo pesquisador, no campo, de que conseguiu compreender a lógica interna do grupo ou da coletividade em estudo (15). No terceiro e último encontro realizou-se a validação dos dados, por meio da apresentação de uma síntese dos depoimentos oriundos nos dois encontros anteriores. Isso oportunizou que os participantes acrescentassem e esclarecessem alguma ideia.

Quanto à composição do grupo, deve-se garantir que os membros compartilhem pelo menos uma característica importante (14). A composição do grupo considerou traços comuns que uniam os participantes, como: serem estudantes de enfermagem da mesma instituição e vivenciarem aulas práticas no curso.

Os encontros tiveram duração de duas horas. Para o local das sessões foi escolhida uma sala na instituição de ensino, de fácil acesso aos estudantes e que assegurava a privacidade (16). Para registrar as falas dos sujeitos utilizou-se um gravador digital.

Para análise e interpretação dos dados aplicou-se a análise temática, realizada em três etapas. A primeira etapa foi composta pela pré-análise, que consistiu na leitura flutuante do conjunto das informações, na constituição do corpus e na formulação e reformulação de hipóteses e objetivos. A segunda etapa consistiu na exploração do material, instante em que a pesquisadora organizou os dados a partir de categorias. Já a terceira etapa englobou o tratamento dos resultados obtidos e a interpretação, na qual foram realizaram inferências e interpretações, correlacionando-as com o quadro teórico (15).

Os princípios éticos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde foram observados (17). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição à qual estava vinculada, sob o Protocolo n° 23081.018415/2008-48. Foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Garantiu-se o anonimato dos sujeitos por meio da utilização do sistema alfanumérico, demonstrado pela letra S seguida de números arábicos. Nos depoimentos, logo após a identificação dos participantes, são apresentados o sexo (F para feminino e M para masculino) e a idade dos mesmos.

RESULTADOS

A partir da análise temática, emergiram das falas dos participantes as seguintes categorias temáticas: a sexualidade como uma construção cultural e as percepções sobre a sexualidade: revelando significados.

A sexualidade como uma construção cultural

A sexualidade foi considerada como uma construção cultural, relacionada ao meio no qual o indivíduo foi socializado, como pode ser observado nos depoimentos a seguir:

Depende do contexto em que o sujeito vive ou viveu, da trajetória de vida, desde a infância, perpassando todas as etapas da vida. Depende do ambiente em que está inserido e da cultura na qual cresceu. Assim, os valores que ele adquiriu ao longo da vida podem influenciar na questão de como ele percebe a sexualidade. (S1, F -19 anos)

Vem da criação de dentro de casa, de como tu era tratada quando criança. Depende de como tu és educada, aí já começa tua construção. (S2, F - 22 anos)

Percebeu-se que a construção cultural da sexualidade no meio familiar foi marcada por um caráter de negação e silêncio, havendo pouco ou nenhum diálogo entre pais e filhos sobre esse assunto. Algumas falas expressam isso:

Na minha família não se fala nisso, é uma questão velada. (S4, F -19 anos)

Isso é um assunto que não se fala lá em casa, não se fala tanto na sexualidade quanto em sexo. (S5, F - 20 anos)

Não é conversado, só que eu sinto e senti muita falta de conversar. (S6, M - 20 anos)

Diante da ausência de diálogo com os pais no ambiente familiar, o adolescente tende a buscar informações com seus pares, visando à troca de ideias ou o compartilhamento de medos e inseguranças, como pode ser observado na fala a seguir:

A minha irmã mais velha que me ajudou, então qualquer dúvida conversava com ela. (S2, F - 22 anos)

Em algumas das famílias as questões relacionadas à sexualidade começaram a ser discutidas na adolescência, porém, abordadas por meio de um caráter preventivo e proibitivo, que ressaltava riscos e alertas, como demonstram as próximas falas:

Na puberdade teve uma mudança completa no nosso diálogo e a gente começou a conversar bastante sobre questões de sexualidade, sobre o uso de método contraceptivo, DSTs e a relação que teríamos que ter com as meninas. (S7, M - 23 anos)

A mãe sempre tentou conversar comigo, mas na questão da área preventiva, falava: "Tem que usar camisinha!". Quando ela vinha falar eu reprimia, nunca teve um diálogo aberto. Parecia que me incomodava, gerava desconfiança. (S8, F - 20 anos)

Por outro lado, destaca-se nos relatos de alguns estudantes que a socialização acerca da sexualidade aconteceu a partir de relações dialógicas claras e elucidativas, principalmente com a mãe, como pode ser observado a seguir:

A minha criação foi mais com a minha mãe e sempre foi um diálogo bem aberto. (S3, F - 20 anos)

Ela [mãe] sempre abordou de uma forma simples, sempre foi muito aberto. Hoje isso me traz muita coisa boa, porque, apesar da gente sempre ter conflitos consigo mesmo e com outras pessoas, o fato de eu entender a sexualidade já me facilita. (S1, F -19 anos)

Também, revelou-se nas falas a distinção de gênero na educação dos filhos e filhas, nas questões relativas à sexualidade. Nas famílias dos estudantes, clarifica-se a diferenciação de condutas e controles, estando a construção da sexualidade feminina restrita às proibições, às limitações, à negação da sua existência; enquanto a masculina é incitada à liberdade e a experienciar a sexualidade. Essa condição da vivência da sexualidade pode ser percebida nas seguintes falas:

A mãe sempre tentou ser muito liberal. No entanto, sempre teve a diferença para o meu irmão, ele podia levar as namoradas em casa. (S12, F - 20 anos)

Meu irmão levava a namorada em casa e mantinha relação com ela. No momento que eu comecei a namorar, aí era cada um num quarto. Eu noto que meu irmão tem muito mais liberdade do que eu tenho. (S13, F - 19 anos)

A minha irmã quando começou a namorar nunca foi dormir com o namorado na casa da minha mãe. Só que, quando eu comecei a namorar, a primeira vez que eu levei a namorada, eu já dormi com ela no meu quarto. (S6, M - 20 anos)

As percepções sobre a sexualidade: revelando significados

A sexualidade é entendida por alguns estudantes como um conceito extenso e ampliado, o qual deriva de uma construção cultural que perpassa toda a existência humana. É o que pode ser observado nos depoimentos a seguir.

Sexualidade é um tema bem amplo, tem a ver com corpo, com as relações. (S2, F - 22 anos)

Sexualidade está em tudo, não está apenas no sexo, mas principalmente na questão de relacionamento humano, é um ponto crucial. (S1, F - 19 anos)

Sexualidade é bem diferente de sexo. Ela inclui o ato de transar, mas é muito mais amplo, não se resume nisso, é uma construção, na verdade, que é desde o início da vida da pessoa e vai até o final. (S3, F - 20 anos)

Outras concepções remetem o significado de sexualidade à dimensão de genitalidade e de relação sexual, denotando a necessidade de um autoconhecimento para uma vivência prazerosa dessa dimensão, como pode ser inferido a seguir:

Quando a gente fala em sexualidade, normalmente se pensa na relação sexual. (S7, M - 23 anos)

Sexualidade é a busca individual do prazer. Eu remeti a sexo e eu acho que nessa busca individual entra muito a questão de tu conhecer o teu corpo e de se tocar. (S6, M - 20 anos)

Os depoimentos a seguir associam a sexualidade a questões como constrangimento e tabu:

A palavra que remeti foi "constrangimento", porque tu pode ter o conhecimento da tua sexualidade, do teu corpo, mas a pessoa com a qual tu está se relacionando, está cuidando, ela pode não ter o conhecimento do próprio corpo e dificuldade em relação a isso, sentindo-se constrangida. (S9, F - 19 anos)

Apesar de ser natural a todo mundo, ainda existe tabu, que é uma coisa muito difícil de ser tratada, de ser falada. (S5, F - 20 anos)

Os próximos relatos veiculam a concepção de sexualidade a autoconhecimento. Sob esse entendimento, os estudantes consideram fundamental conhecer e saber lidar com sua própria sexualidade, para, então, conseguir relacionar-se com o outro de forma harmônica e prazerosa, ao realizar o cuidado de enfermagem.

A pessoa que não define para si a sexualidade acaba gerando conflitos para toda a vida, tanto na família quanto com ela mesma ou com os colegas de trabalho, porque ela não se compreende. (S1, F -19 anos)

É importante tu estar te conhecendo, porque, enquanto futuros profissionais da saúde, como que tu vais trabalhar com a sexualidade do outro se tu não conheces tua própria sexualidade? (S3, F - 20 anos)

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

No meio familiar, os pais podem sentir-se intimidados para abordar a questão da sexualidade com seus filhos, principalmente quando a sua educação sexual foi permeada por repressão. Estudo revela que os pais apresentam dificuldades em falar sobre sexualidade com seus filhos, o que pode ser justificado pelo fato de que a sexualidade ainda ser vivida como um evento permeado por mitos, tabus, proibições e silêncios (18). Outro estudo realizado com adolescentes universitárias demonstra que estas apresentam medo da censura e do castigo dos pais, o que assinala um arcabouço conservador na educação familiar acerca da temática (7).

É comum, nesta fase, o afastamento da família e a identificação a grupos de sua semelhança. Ressalta-se que quando os adolescentes não dispõem de apoio dos pais para dividir suas dúvidas e anseios, acabam por procurar seus pares, o que pode influenciar nas decisões de comportamentos e práticas nessa fase da vida. No entanto, destaca-se que esse modo dos adolescentes agirem diante da vida social, na busca pelo novo ou diferente, pode torná-los vulneráveis a muitos riscos (19).

Pesquisa realizada com estudantes em universidade na região nordeste do Brasil, demonstrou que as influências familiares e religiosas marcam a forma como algumas adolescentes vivenciam a sua sexualidade (7). Nesse estudo, emergiram as proibições impostas pela religião, as quais perpassaram a questão do casamento como requisito para haver a iniciação sexual e a privação em frequentar festas (7). Na cultura ocidental, onde predomina o cristianismo, o exercício da sexualidade humana vem sendo regulado há séculos, por intermédio da impregnação de medos e proibições (20).

A sexualidade, no diálogo familiar, apresentou-se, no presente estudo, relacionada à dimensão de risco, o que pode ser percebido na preocupação dos pais para que seus filhos fizessem uso de métodos contraceptivos e evitassem contágio pelas doenças sexualmente transmissíveis. Na adolescência, a sexualidade é compreendida, na maioria das vezes, como uma questão a ser protegida do abuso, da gravidez precoce e das doenças sexualmente transmissíveis. Raramente a sexualidade dos jovens é entendida como um exercício positivo, considerando a sua dimensão amorosa, de intimidade, de conhecimento de seu corpo e de experimentação (10).

Assim, nas famílias ondehá relações afetivas positivas entre pais e filhos, que ofereçam proteção e cuidados e nas quais sejam discutidas questões relacionadas à sexualidade do adolescente, é menos provável que esse se envolva em situações conflituosas e de risco em relação à vivência dessa questão (21).

Neste estudo, revelou-se também que a transmissão dos valores relativos à sexualidade esteve sob domínio materno, sendo conduzida a partir de conversas e orientações esclarecedoras. Isto pode resultar da existência de uma relação de confiança entre a mãe e os adolescentes, reforçando a imagem materna de conselheira e responsável pelo preparo para a vivência da sexualidade dos adolescentes, dentro da família (18).

Além disso, evidenciou-se nos depoimentos que a sexualidade é vivenciada de maneira diversa entre meninos e meninas. Percebe-se que ainda a mulher é tradicionalmente preparada para o matrimônio e à reprodução e exaltados os discursos familiares acerca da virgindade e fidelidade, favorecendo a conformação repressora da sexualidade feminina (7).

No que se refere às percepções dos estudantes acerca da sexualidade, alguns a compreendem como uma dimensão do ser humano que é construída culturalmente. Ao ser compreendida nesse viés, a sexualidade não pode ser reduzida à genitalidade nem ao ato sexual em si, no entanto influencia as relações entre as pessoas e a maneira como se constrói e se entende o mundo (22). Ela resulta de uma construção cultural, pois a maneira com que a vemos e os valores aos quais a associamos dependem da cultura, variando em diversos aspectos de uma cultura para outra (18).

Outros discursos atrelaram a sexualidade a uma perspectiva de relação sexual, a qual ainda é hegemônica nos entendimentos acerca da temática. Em outro estudo realizado com estudantes de enfermagem, também emergiu o padrão tradicional de entendimento da sexualidade, que a atribui a mera realização de prática sexual (7). Contudo, a sexualidade faz referência a uma compreensão mais extensa do que meramente o ato sexual, incluindo carícias, olhares, expressões, autoestima, entre outras questões (23).

Também, neste estudo, evidenciou-se que a sexualidade embora esteja presente em todos os momentos de nossas vidas, ainda é mantida silenciada e velada no cuidado de enfermagem. Ao ser tratada como tabu, legitima a reprodução de silêncios, inseguranças e constrangimentos que podem perpassar a vivência da temática no cuidado (1). Entende-se que essa invisibilidade pode acontecer tanto pela falta de consciência de si e de discussões sobre esse tema a nível acadêmico, quanto pelo tratamento que lhe é atribuído a partir de uma construção cultural repressora (24).

Estudo realizado para analisar a visão de estudantes de enfermagem sobre o desnudamento do corpo para cuidar evidenciou que o constrangimento emerge nas situações que envolvem a sexualidade (25). Nesse estudo, os estudantes ao responderem a questionamentos sobre a nudez expressaram dúvida, dificuldade, medo e insegurança. Essas questões podem emergir nas relações de cuidado, considerando que há interação entre corpos sexuados, de quem cuida e de quem é cuidado. Desse modo, se houver preocupação com a preservação da privacidade e da intimidade do paciente no cuidado, as sensações geradas pela invasão dessas podem ser minimizadas, mesmo frente à nudez e ao contato corporal íntimo (26).

Assim, é interessante que na formação acadêmica sejam oportunizados momentos de autoconhecimento ao estudante e de reflexão sobre os próprios conceitos e valores acerca da sexualidade. A partir do momento em que os estudantes entendem sobre sua própria sexualidade e possuem informações adequadas para orientar alguém sobre esse assunto, estarão mais preparados e seguros para realizarem um melhor cuidado para si e para aquele que é sujeito de seu cuidado (5).

Ratifica-se a importância do estudo da sexualidade na formação acadêmica do enfermeiro ao se evidenciar os resultados de uma pesquisa realizada com estudantes de enfermagem (6). Constatou-se nesta, a dificuldade dos estudantes no cuidado a profissionais do sexo, por exemplo. Isso se evidenciou pela reação negativa ou indesejada diante do cuidado, ficando nervoso, assustado, sem saber o que fazer e não conseguindo atender ao paciente. As respostas negativas refletem, sem dúvidas, o despreparo para lidar com a situação. Assim, a falta de uma abordagem consistente com estudantes de enfermagem durante a graduação, sobre o tema sexualidade, pode prejudicar os enfermeiros na sua futura prática profissional, independente da sua área de atuação.

Outra pesquisa, também, realizada com estudantes de enfermagem, revela que esses percebem, nos estágios, que o cliente homossexual é discriminado pelos membros da equipe de enfermagem, a qual inclusive apresentava receio de chegar perto e de tocá-lo (8). Ademais, as narrativas dos estudantes demonstraram estereótipos, pois eles próprios têm uma noção de heterossexualidade como algo presumido, como um padrão considerado e normal, e consequentemente, para eles, tudo que foge a esse padrão heterossexual é doença ou desvio. Além disso, anunciaram preconceito no cuidado a pessoas que vivem com HIV/aids, pois os caracterizaram com "depravados" e "sem limites". A percepção da diferença leva a uma dimensão de desigualdade no cuidado pela consideração preconceituosa do cliente. Assim, para esses estudantes, o padrão de ver o mundo pode ser caracterizado pelas seguintes posições: homem, branco, de classe média, heterossexual. Porém, a sociedade é múltipla por meio da variedade das intersecções das diversas categorias.

Tais considerações fazem emergir a seguinte questão para reflexão e prática: como os estudantes de enfermagem, futuros enfermeiros e educadores em saúde realizarão o cuidado, caso a sexualidade continue ficando às margens de sua formação? Infelizmente, como é possível perceber nos resultados dos estudos supracitados, as práticas contêm elementos preconceituosos acerca da sexualidade que interferem em uma assistência integralizada.

É evidente a existência de uma lacuna no ensino no que se refere à formação acadêmica do estudante para lidar com questões relativas à sexualidade no cuidado de enfermagem. Isso acontece porque não há um ambiente que proporcione ao estudante de enfermagem expressar suas dificuldades e sentimentos em relação à questão da sexualidade no cuidado, mantendo-a velada. Não há discussão de casos que contemplem essas experiências vivenciadas pelos estudantes e as subjetividades que emergem em cada situação (8).

Desse modo, é necessário deixar de falar da sexualidade por meio do silêncio, do rigor com a postura, do não envolvimento com os pacientes e do currículo oculto. Vale relembrar que a problemática da sexualidade provavelmente não está igualmente trabalhada entre os docentes (27).

Ao abordar a sexualidade na formação acadêmica do enfermeiro, não se pode restringir o tema apenas à esfera biológica e técnica. A sexualidade deve ser compreendida em suas várias dimensões, dentre elas a social, a biológica, a psicológica, a cultural e a espiritual, sendo que a compreensão dessas dimensões é fundamental para entender a multiplicidade de fatores que interferem e determinam a expressão da sexualidade como ação humana e multidimensional (28, 29).

Ressalta-se que não há respostas prontas ou regras de conduta para tratar a sexualidade na formação acadêmica do enfermeiro, pois a sua construção cultural, que modela os seres biologicamente sexuados em socialmente sexuados, vai direcionar a condução dessa dimensão humana nos relacionamentos interpessoais e no cuidado (30).

Compreender como a sexualidade dos estudantes é construída e suas percepções acerca da temática pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de ensino adequadas para abordar essa temática na formação acadêmica do enfermeiro. Desse modo, acredita-se necessário gerar espaços de discussão e reflexão nesse processo deformação, que tratem tanto da sexualidade do sujeito cuidado quanto dos estudantes e docentes envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.

Ademais, não se teve a pretensão, com esta investigação, de esgotar a temática em estudo sendo considerados importantes novos olhares sobre ela. Acredita-se que a presente pesquisa contribuirá para a construção do conhecimento e da enfermagem como ciência considerando a carência de estudos, discussões e reflexões acerca da temática em nível acadêmico. A partir dos resultados desta pesquisa sugere-se a realização de estudos e pesquisas que possam identificar como pacientes, docentes e enfermeiros vivenciam a sexualidade nas práticas de cuidado.

 

REFERÊNCIAS

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Fecha recepción: 05/03/13 Fecha aceptación: 10/02/14

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